Essas Mulheres

Me desaponta muito o que muitas mulheres vêm fazendo com elas mesmas. É como se tivessem colocado na testa uma etiqueta com um preço e um aviso “Mercadoria pronta para consumo”.
Saudades dos anos 70 e 80 quando as mulheres resolveram cortar as amarras que as prendiam aos afazeres domésticos. Decidiram usar suas faculdades mentais para crescerem profissionalmente. Grandes nomes femininos agitaram as conturbadas décadas de 70 e 80 com suas armas mais poderosas: seu cérebro e sua língua. Falaram. Soltaram o verbo. Expuseram suas opiniões e, quem tentasse calá-las, elas mordiam. Falavam de homens, sexo, gozar, carreira...e afins.
Anos 90. Retrocesso. Algumas perceberam que pensar cansa. Estúpidas. Melhor mostrar os peitos e a bunda e ganhar dinheiro mais facilmente.
Presente. Foi aí que a “coisa” desandou. Para fazer sucesso a qualquer preço, expõem-se de maneira descomunal não se importando com o rótulo “mulher objeto” e, principalmente, com o adjetivo “burra”. As “mulheres frutas” estão aí para exemplificar. Quando a exposição de seus corpos já está desgastada, começam, então, a cantar (músicas apelativas). Eu me pergunto quem escuta essa merda (nem sempre música é arte). Não que vinte anos atrás isso não existia. Quem não se lembra das Chacretes? Mas, hoje, parece que não fazer parte das boazudas, é a exceção.
Não tenho a mínima ideia de onde isso vai parar. Apenas sinto muita pena dessas mulheres porque, quando a mídia já achar que não valem mais a pena, serão esquecidas e substituídas por outras mais apelativas ainda. E, pobres de nós, mulheres comuns com ideias, profissões, ambições e legitimidade, mas, ofuscadas por legiões de analfabetas funcionais e ignorantes por causa de um país que cultua o popular e a boa imagem em detrimento da cultura e da informação.

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