Aquele dia...
Aquele
dia, escuro ainda, em que você se levanta da cama querendo não ter
acordado. Querendo ter ficado por mais algumas horas no mundo
fantasioso dos sonhos e pesadelos. Mas, a vida te diz que ficar na
cama um pouco além é para os fracotes.
Os
fortes despertam sem extenuação. Sorriem para a manhã cinzenta e
fria. Tão úmida… Saem para o trabalho cantarolando em meio a
uma garoa fina e enfadonha. Vai ser uma manhã cacete, mas o lindo e
estardalhoso canto dos pássaros arrumando um “crush”, já
é tempo, compensa a modorra. Enfim, o despertador tocou, o sonho
morreu. Os fracos fingem fortaleza e caçam a labuta.
Aquela
tarde em que há um sorriso no rosto, e um fardo muito pesado nas
costas. Mas, este, é invisível. O forte não mostra que está
empurrando o dia com a barriga e a prostração. Languidez não
agrada a chefe algum. Todos te olham e querem ver brilho nos olhos e
um sorriso contagiante e uma alma limpa. O forte esconde que, por
dentro, o que tem é uma mistura de Medusa, Macabéa e Medeia numa
barafunda de C. Lispector e mitologia grega, algo surreal.
Fim
do dia e do expediente. O forte com ares de incrível Hulk vai para a
casa e tira a máscara. Cai um lânguido no sofá. Agora, está
feliz.
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