Meu paraíso em "H"
Num Natal qualquer, lá pelos anos de 198..., quando eu
ainda era uma criança, ganhei um presente, não me lembro de quem, com um
cartão. O cartão tinha uma paisagem, uma das mais belas que eu já tinha visto. Me
apaixonei à primeira vista. Para mim, era o mais próximo de um dito paraíso, apesar de não crer na
existência de nenhum. O problema era que aquele lugar mágico era apenas uma
pintura, como em um quadro. Será que o artista de pincéis “divinos” havia idealizado
aquela vila à beira de um lago negro ou havia realmente se sentado no alto de
uma montanha, com vista privilegiada, e embriagado com tal visão inebriante, pintado
um lugar concreto e ontológico?
Enfim ... meu paraíso existiria ou seria apenas um sonho?
Não creio em vida após a morte. Alguém me disse, um dia,
que seria legal (e, conveniente) se houvesse vida nesse “outro lado” e, melhor
ainda, se pudéssemos escolher onde gostaríamos de passar a eternidade. Seria como
um mundo divino e virtual. Louco. Se isso fosse possível, eu já tinha
escolhido. Não seria Paris, nem o Tibete nem outro planeta. Minha morada eterna
seria o meu paraíso da capa do cartão de Natal da melhor década de minha vida. H.
Algumas semanas atrás, encontrei meu paraíso. Ele existe.
A vila é real. O lago negro é real. As casas, as ruas, as montanhas. Tudo está
lá exatamente como em meu cartão de Natal. Não era uma imagem hipotética,
fictícia. É real. É H.
Não creio em vida após a morte. Mas, se houver, estarei
em H.
Comentários