A MorfoseMeta

Greg Blatt acordou sentindo-se muito mal. Algo acontecera durante a noite. Toda a parte da frente de seu corpo, que sempre se encontrava no chão, agora incomodava ... e muito. O desconforto era tamanho que mal conseguia respirar. Tentou mexer as mãos. Mãos? O que é isso? Onde estavam suas perninhas minúsculas. Tinha, no lugar delas, dois braços enormes e uma mão com cinco dedos esquisitos ao fim de cada um deles. Só poderia estar no meio de um pesadelo, pensou Greg Blatt. Mas, e essas pernas gigantescas? Com pés e dedos, também?

E esse desconforto? Não conseguia respirar porque o chão pressionava seus pulmões. Pulmões? Desde quando insetos rastejantes possuem pulmões? Como Darwin explicaria isso? E pulmões precisam de um tronco bem mais desenvolvido, pois têm, como vizinhos, outros órgãos, como ... coração. Coração? Greg Blatt teria um coração. Que horror, pensou.

Sua numerosa família estava apavorada. Não sabia o que fazer. Seus pais tentaram, sem sucesso, dar-lhe o que comer. Levaram uns restos podres de animais mortos e fedidos. Apetitoso, dizia sua mãe, escondendo o desespero por ter o filho definhando e recusando-se a comer. Tira isso daqui, gritou Greg Blatt jogando a “comida” para longe e indignado com esse som estranho que saía de sua boca. Que língua seria essa?

Os pais não o haviam compreendido, com certeza. Pois havia balbuciado algo incompreensível. E, piorava dia a dia. Talvez não houvesse mais volta. Talvez não rastejasse sobre o lixo e a podridão nunca mais.

Talvez .... matasse seus pais.

Greg Blatt se transformara num Homo sapiens.

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